quinta-feira, 20 de setembro de 2018

JUDAS MODERNO

Semana passada visitei uma agremiação que se intitula espírita. Vi diversos participantes em conversação bastante interessante. Debatiam sobre a política brasileira, expressando arazoada e pertinaz opinião. Justificavam o voto citando o cansaço da roubalheira, a volta dos valores da família (entendam familia cristã) e a necessidade do combate a violência. Admito que fiquei muito curioso. Naquele momento não tive a oportunidade de me inteirar de quem se tratava, se falavam de um candidato, de um plano de governo,  mas o defendiam com ardor. Entretanto, a convicção daquelas pessoas me pareceu contagiante.
Como não estamos no planeta a passeio tive que seguir. Haviam muitos afazeres a concluir antes de retornar as atividades de socorro. Admito que fiquei curioso. Precisava encontrar uma forma de sanar minhas  dúvidas.
Minha compreensão não vai muito além daquela que possuía quando ainda encarnado, por isso quis buscar orientação superior a minha. Foi com semblante bastante grave de meu conselheiro e amigo que tive certeza de que não me enganara.
"Política é uma ciência bastante antiga, surgiu para minimizar conflitos, permitindo que pessoas com opiniões distintas pudessem dialogar e resolver diferentes questões. Porém, política reflete o conteúdo de uma sociedade. Ela será mais ou menos eficiente de acordo com a maturidade dos envolvidos."
Essa única frase me fez compreender que não estamos refletindo nada realmente diferente do que somos.
Eu queria entender o que era possível fazer.
"Os meios de comunicação atual deram vozes a todo e qualquer indivíduo. E cada qual expõe aquilo que traz dentro de si, na etapa evolutiva em que se encontra". Allan Kardec foi cuidadoso ao não permitir que se discutisse política em seu grupo de estudos. Não desejava despertar a paixão tresloucada das pessoas. E é aconselhável que não o façamos. São opiniões pessoais, nada além disso e precisam continuar dessa forma. Se mudarmos a forma de amar e perdoar das pessoas isso irá ter reflexo na opinião que externam e nos ideais que abraçam".
"Hoje citam Jesus para construir uma narrativa de valores da familia. Senão vejamos, Jesus mandava pagar a violência com mais violência? Ele dizia para discriminarmos pessoas diferentes de nós mesmos? Condenar a prostituta?"
"Sabes quem desejava que Jesus apoiasse que a população pegasse em armas?"
Óbvio que eu não saberia a resposta, então ele continuou.
"JUDAS".
Ele não precisou continuar. Eu havia compreendido. Somos os Judas modernos que acreditamos que estamos mudando o mundo apoiando armas, preconceito e usamos levianamente o nome de Jesus para referendar essas idéias. Falamos disso abertamente nos centros espiritas, pois esquecemos da mensagem de Jesus. Estamos contagiados pelo desespero, ou ainda, plenos de egoísmo, vivendo nossos dias de equívocos coletivo, repetindo Judas.
Nos cabe a prece e o trabalho, para que embalados pela mensagem de fraternidade e perdão que realmente emanam de Jesus possamos enxergar melhor.

D.

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