sexta-feira, 20 de março de 2020

Para hoje

Se até o fio de vossas cabeças está contado por Deus como supor que algo esteja fora de lugar nas calamidades? Desejamos com esse pensamento iniciar nossa mensagem para fazer compreender desde o princípio que epidemias são situações naturais e sazonais na história da humanidade. Não significa que não provoquem dor e sofrimento, mas não estão alijadas da ordem natural das coisas.
Vírus e bactérias são minúsculos seres em evolução que lutam por sobrevivência, se adaptando e se transformando para continuar existindo. O mesmo se dá com o ser humano, que necessita rever conceitos, refletir e analisar comportamentos para se adaptar e sobreviver. 
Não creia que exista a mão de Deus provocando desolação. Jamais, porém a ordem natural das coisas tende a buscar o equilíbrio, e quando nos afastamos em demasia do objetivo maior somos invariavelmente lembrados disso. Senão vejamos, destruímos o ambiente em que vivemos como jamais o fizemos antes, elegemos o ouro como um ídolo colocando o egoísmo e a ganancia em primeiro lugar, nos acostumamos ao imediatismo e ao conforto, mesmo ao lado de irmãos que vivem na miséria.
O fanatismo ressurge com vigor, seja no campo político, seja no religioso, entronamos homens na condição de deuses, transformamos ideologias em instrumentos de acirrada disputa, e trocamos o amor pela discórdia. O que esperávamos? Que a colheita fosse melhor que o cultivo?
Os iluministas lutaram para que a ciência fosse ouvida, que o rigor dos costumes não mais atormentasse mulheres e necessitados, que as amarras do preconceito pudessem ser aos poucos dissolvidas. E o que temos hoje? O recrudescer das falsas crenças, que desvirtuam Deus, que colocam Jesus como um tirano e Deus como interessado nos salários dos crentes. Onde não existe compreensão cresce a discórdia, onde não se permite o amor ao próximo, ao diferente, não se encontrará nada além agruras e animosidades.
Vós espíritas, como descestes tanto? Onde vai a simplicidade? O abraço, o ombro acolhedor? Deixamo-nos atormentar pelo medo, pela discórdia, pelo embate ideológico. Fraqueza humana, sempre viva, sempre desviando os incautos. Lembrem-se de uma vez, a mensagem sempre foi a fraternidade, o amor, e nada além disso. Tudo que me afasta da compreensão e do amor ao meu semelhante não é digno de minha atenção e não trará bons resultados.
É hora de parar de reclamar, de deixar de lado o interesse pessoal e demonstrar que o ser humano é partícula de Deus, e que nele tudo pode. Desfraldemos a bandeira da fraternidade e nos ponhamos nas fileiras dos que trabalham para aliviar o sofrimento alheio. Não há nada de equivocado no mundo que não possa ser reparado com o esforço coletivo. Tudo passa! É hora de permitir que o empenho e a coragem nos guie.

20 de março de 2020.