segunda-feira, 10 de setembro de 2018

REMORSO ESPÍRITA

O projeto do blog pareceu por muito tempo desativado. A falta do hábito nos fez perder a prática é verdade. Entretanto, compromissos profissionais, e, principalmente, da vida familiar tem uma facilidade enorme de nos tornar improdutivos no campo mediúnico. Logo se pensa na queda dos médiuns, que surgem com excelente potencial, mas se perdem no caminho.
Não, na verdade, essa visão, atualmente me parece um tanto quanto limitada. Na realidade, em muitas ocasiões, até mesmo desprovida de razão. Talvez, esteja essa opinião vulgar sendo pautada por uma visão limitada, embalada por preconceitos e amarras conceituais tão comuns e inconscientes no aspecto religioso, no sentido mais pobre do termo.
Por inúmeras vezes me senti culpado, argumentando intimamente que estava usando a vida familiar e profissional como subterfúgio para mascarar a preguiça nos momentos em que não havia como escrever. Eis a grande questão que é preciso compreender, a vida é compostas de diferentes fases. E a produção mediúnica, ou a dedicação ao núcleo espírita não é necessariamente a mais importante delas.
Senão, basta que vejamos, quais são os verdadeiros dilemas do espírito? Não está alicerçado justamente nos relacionamentos pessoais e na forma como lidamos com os sentimentos? As situações mais complexas que despontam do passado são justamente as relações humanas, quase sempre na zona de atuação do núcleo familiar.
Portanto, se dedicar a filhos e cônjuges, pais e amigos, não deve ser motivo de dilema para nenhum adepto da Doutrina Espírita. Se ainda surgem olhares repreensivos ou palavras de crítica não esqueçamos que temos a consciência ainda refém da forma antiga de pensar e compreender a nossa relação com Deus. Onde sempre havia o pecado e a falta, e por consequência, a culpa e o remorso.
O Espiritismo se fazendo de filosofia libertadora veio romper com essas amarras que tanto fazem sofrer o humilde e o ignorante. Se não cumpre ainda seu papel não é por falta de base filosófica, mas por limitação de seus adeptos.
É possível afirmar que se faz mais pela sociedade no lar e no ambiente profissional com uma postura digna e dedicada do que em qualquer outro lugar. Onde vivemos as lutas diárias deixamos marcas com nosso exemplo. Por isso, o Espiritismo fechado em si mesmo, trancafiado entre quatro paredes é infértil. Ele vive, se espalha e se fortalece no exemplo do homem de bem, que vive do suor de seu rosto e sobrevive as lutas diárias.
Em resumo, o Espiritismo liberta e jamais aprisiona a consciência daquele que o estuda. Não devemos nos arrastar em remorso, mas buscar a compreensão de si mesmo e de como podemos ser úteis em nosso meio de convivência.

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