segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O Angustiante Panorama Atual


Nossa vida cotidiana nos leva, por vezes, por caminhos que temos dificuldades de controlar. Os desafios diários são tantos que parece nos faltar forças para dedicar atenção a nós mesmos, ao cuidado de nossa intimidade. Nosso repouso não é mais o momento de introspecção e silêncio, mas o alheamento ante a TV e redes sociais. Descuidamos de nós mesmos e colhemos o preço dessa falta de atenção.

Vivemos um período de pessimismo muito extremo, os comentários, os noticiários, são carregados de desinformação e imediatismo. Consideramos que o presente é o ápice do retrocesso cultural e moral. Porém, isso não é verdade! O mundo em que vivemos hoje não é pior do que o mundo em que sempre vivemos. Muito antes o contrário, o problema da modernidade é esse excesso e abundância de tudo, todos temos opiniões publicadas, e quase sempre não temos o zelo para usá-la. Essa avalanche de vozes nos leva a uma ansiedade angustiante. Angústia essa que contagia e corroe as raízes de nossa espiritualidade.

Desesperados, sem rumo, nos lançamos ao imediatismo, somos facilmente vitimas de imagens e ídolos que se colocam como alternativas a essa explosão de informações. Surgem algumas raras referências positivas em meio a inúmeras figuras oportunistas e desvairadas. E feito cordeiros, incapazes de perceber a própria incoerência, os seguimos, as vezes, os idolatramos e até mesmo os defendemos.

Entretanto, isso faz do mundo de hoje pior que o mundo de nossos avôs?

Se por um lado vivemos em uma ansiedade constante que nos tortura e nos faz perder o rumo, por outro, existem liberdades e conquistas individuais inimagináveis a décadas atrás. Se ainda não sabemos acalentar a tolerância em suas múltiplas facetas em nossos corações não é culpa do mundo, mas de nossa atrofia dos sentimentos e de nossa visão egoísta do mundo. A medicina, a ecologia, a igualdade de gênero, os direitos das crianças, as regras que regem um trabalho digno, o direito a educação e saúde, por mais precário que pareçam, são conquistas desse último século. Portanto, o mundo não regrediu.

Talvez se pudéssemos deixar um pouco de lado esse fascínio pelas coisas sem importância que hoje praticamente controla nossas vidas aprendêssemos a cultivar a vida com mais otimismo. Talvez se deixássemos de lado essa carência por ídolos e aprendêssemos a buscar referências em um contexto geral não seríamos tão radicais. Cultivar em nós mesmos uma vida com ideais mais singelos nos faria bem, acalmaria nossa mente e coração.

Não pensem que isso tudo não se reflita no próprio Espiritismo. Pois, essa abundância de informações, nos levou a uma explosão de autores e publicações, que em grande parte pouco ou nada tem de espíritas. Existe muito material “antigo” de uma atualidade sem par, que poderiam servir de referência, de bojo, para que pudéssemos selecionar o joio do trigo atualmente. Essa ansiedade pela modernidade e pela busca de respostas fáceis nos faz reféns de ídolos e opiniões. Lembremos que a força do Espiritismo está na pluralidade de suas fontes e não na idolatria de personagens, ninguém deveria ser erguido a condição especial. Afinal, todos somos humanos, falíveis e imperfeitos. Nenhum espírito ou médium é dono da verdade ou se coloca além da crítica.

As vezes, quando me pego angustiado pelo mundo com que me deparo, me acalmo e lanço o olhar ao passado e percebo que nada está fora do lugar. Ao que parece as vozes do jornalismo e da internet, que democraticamente, nos alcançam a todos ainda não descobriram seu verdadeiro potencial transformador. Por enquanto apenas resmungam e gritam, condenam e criticam, mas assim o fazem por ignorância, não percebem as alternativas. Construa ao seu redor o ambiente de paz que deseja viver e respiraras em harmonia fortalecendo-te para as lutas do amanhã.