segunda-feira, 24 de setembro de 2018

BUSCAR AJUDA

Sem dúvida um dos principais dilemas da vida é a mudança.  Primeiramente porque nem sempre identificamos a necessidade de mudanças e, em segundo lugar, pois se identificamos essa necessidade não sabemos como fazê-la.
Trocar de casa, de cidade, de trabalho, são situações de extrema complexidade. Existem diversos fatores que precisam ser analisados, principalmente se existem pessoas que dependem dessas escolhas. Entretanto, a mudança a que fazemos referência não é exterior, mas interna.
É preciso conscientização de que nosso objetivo evolutivo passa por progredir individualmente. Se esse pensamento tem raízes dentro de nós é bastante provável que nossa reação ante um conselho amigo seja positiva. Pois, se houver orgulho envolvido a reação será adversa, de afastamento.
Entendamos, receber aconselhamento não significa a adoção dos mesmos, é preciso tudo considerar com bom senso. Nem tudo que se ouve é bom para nós.
Por outro lado, se estamos suficientemente maduros, ou apenas estamos passando por um momento reflexivo onde estejamos mais desperto para uma transformação real, criamos condições para uma mudança positiva.
Não existe problema algum reconhecer limitações. É saudável e digno. Uma ferramenta útil ao aprendizado. Admitir que não sei tudo e que estou aberto a receber orientação exterior pode me fazer ver as coisas sem os vícios próprios de interpretação e leitura de vida. Para essas horas existem os amigos arrazoados, os profissionais especializados em comportamento humano ou os indivíduos calejados pela experiência.
Pedir ajuda é muito digno, sinal de amadurecimento e ponte para o progresso íntimo.
Oremos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

JUDAS MODERNO

Semana passada visitei uma agremiação que se intitula espírita. Vi diversos participantes em conversação bastante interessante. Debatiam sobre a política brasileira, expressando arazoada e pertinaz opinião. Justificavam o voto citando o cansaço da roubalheira, a volta dos valores da família (entendam familia cristã) e a necessidade do combate a violência. Admito que fiquei muito curioso. Naquele momento não tive a oportunidade de me inteirar de quem se tratava, se falavam de um candidato, de um plano de governo,  mas o defendiam com ardor. Entretanto, a convicção daquelas pessoas me pareceu contagiante.
Como não estamos no planeta a passeio tive que seguir. Haviam muitos afazeres a concluir antes de retornar as atividades de socorro. Admito que fiquei curioso. Precisava encontrar uma forma de sanar minhas  dúvidas.
Minha compreensão não vai muito além daquela que possuía quando ainda encarnado, por isso quis buscar orientação superior a minha. Foi com semblante bastante grave de meu conselheiro e amigo que tive certeza de que não me enganara.
"Política é uma ciência bastante antiga, surgiu para minimizar conflitos, permitindo que pessoas com opiniões distintas pudessem dialogar e resolver diferentes questões. Porém, política reflete o conteúdo de uma sociedade. Ela será mais ou menos eficiente de acordo com a maturidade dos envolvidos."
Essa única frase me fez compreender que não estamos refletindo nada realmente diferente do que somos.
Eu queria entender o que era possível fazer.
"Os meios de comunicação atual deram vozes a todo e qualquer indivíduo. E cada qual expõe aquilo que traz dentro de si, na etapa evolutiva em que se encontra". Allan Kardec foi cuidadoso ao não permitir que se discutisse política em seu grupo de estudos. Não desejava despertar a paixão tresloucada das pessoas. E é aconselhável que não o façamos. São opiniões pessoais, nada além disso e precisam continuar dessa forma. Se mudarmos a forma de amar e perdoar das pessoas isso irá ter reflexo na opinião que externam e nos ideais que abraçam".
"Hoje citam Jesus para construir uma narrativa de valores da familia. Senão vejamos, Jesus mandava pagar a violência com mais violência? Ele dizia para discriminarmos pessoas diferentes de nós mesmos? Condenar a prostituta?"
"Sabes quem desejava que Jesus apoiasse que a população pegasse em armas?"
Óbvio que eu não saberia a resposta, então ele continuou.
"JUDAS".
Ele não precisou continuar. Eu havia compreendido. Somos os Judas modernos que acreditamos que estamos mudando o mundo apoiando armas, preconceito e usamos levianamente o nome de Jesus para referendar essas idéias. Falamos disso abertamente nos centros espiritas, pois esquecemos da mensagem de Jesus. Estamos contagiados pelo desespero, ou ainda, plenos de egoísmo, vivendo nossos dias de equívocos coletivo, repetindo Judas.
Nos cabe a prece e o trabalho, para que embalados pela mensagem de fraternidade e perdão que realmente emanam de Jesus possamos enxergar melhor.

D.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

REMORSO ESPÍRITA

O projeto do blog pareceu por muito tempo desativado. A falta do hábito nos fez perder a prática é verdade. Entretanto, compromissos profissionais, e, principalmente, da vida familiar tem uma facilidade enorme de nos tornar improdutivos no campo mediúnico. Logo se pensa na queda dos médiuns, que surgem com excelente potencial, mas se perdem no caminho.
Não, na verdade, essa visão, atualmente me parece um tanto quanto limitada. Na realidade, em muitas ocasiões, até mesmo desprovida de razão. Talvez, esteja essa opinião vulgar sendo pautada por uma visão limitada, embalada por preconceitos e amarras conceituais tão comuns e inconscientes no aspecto religioso, no sentido mais pobre do termo.
Por inúmeras vezes me senti culpado, argumentando intimamente que estava usando a vida familiar e profissional como subterfúgio para mascarar a preguiça nos momentos em que não havia como escrever. Eis a grande questão que é preciso compreender, a vida é compostas de diferentes fases. E a produção mediúnica, ou a dedicação ao núcleo espírita não é necessariamente a mais importante delas.
Senão, basta que vejamos, quais são os verdadeiros dilemas do espírito? Não está alicerçado justamente nos relacionamentos pessoais e na forma como lidamos com os sentimentos? As situações mais complexas que despontam do passado são justamente as relações humanas, quase sempre na zona de atuação do núcleo familiar.
Portanto, se dedicar a filhos e cônjuges, pais e amigos, não deve ser motivo de dilema para nenhum adepto da Doutrina Espírita. Se ainda surgem olhares repreensivos ou palavras de crítica não esqueçamos que temos a consciência ainda refém da forma antiga de pensar e compreender a nossa relação com Deus. Onde sempre havia o pecado e a falta, e por consequência, a culpa e o remorso.
O Espiritismo se fazendo de filosofia libertadora veio romper com essas amarras que tanto fazem sofrer o humilde e o ignorante. Se não cumpre ainda seu papel não é por falta de base filosófica, mas por limitação de seus adeptos.
É possível afirmar que se faz mais pela sociedade no lar e no ambiente profissional com uma postura digna e dedicada do que em qualquer outro lugar. Onde vivemos as lutas diárias deixamos marcas com nosso exemplo. Por isso, o Espiritismo fechado em si mesmo, trancafiado entre quatro paredes é infértil. Ele vive, se espalha e se fortalece no exemplo do homem de bem, que vive do suor de seu rosto e sobrevive as lutas diárias.
Em resumo, o Espiritismo liberta e jamais aprisiona a consciência daquele que o estuda. Não devemos nos arrastar em remorso, mas buscar a compreensão de si mesmo e de como podemos ser úteis em nosso meio de convivência.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O Angustiante Panorama Atual


Nossa vida cotidiana nos leva, por vezes, por caminhos que temos dificuldades de controlar. Os desafios diários são tantos que parece nos faltar forças para dedicar atenção a nós mesmos, ao cuidado de nossa intimidade. Nosso repouso não é mais o momento de introspecção e silêncio, mas o alheamento ante a TV e redes sociais. Descuidamos de nós mesmos e colhemos o preço dessa falta de atenção.

Vivemos um período de pessimismo muito extremo, os comentários, os noticiários, são carregados de desinformação e imediatismo. Consideramos que o presente é o ápice do retrocesso cultural e moral. Porém, isso não é verdade! O mundo em que vivemos hoje não é pior do que o mundo em que sempre vivemos. Muito antes o contrário, o problema da modernidade é esse excesso e abundância de tudo, todos temos opiniões publicadas, e quase sempre não temos o zelo para usá-la. Essa avalanche de vozes nos leva a uma ansiedade angustiante. Angústia essa que contagia e corroe as raízes de nossa espiritualidade.

Desesperados, sem rumo, nos lançamos ao imediatismo, somos facilmente vitimas de imagens e ídolos que se colocam como alternativas a essa explosão de informações. Surgem algumas raras referências positivas em meio a inúmeras figuras oportunistas e desvairadas. E feito cordeiros, incapazes de perceber a própria incoerência, os seguimos, as vezes, os idolatramos e até mesmo os defendemos.

Entretanto, isso faz do mundo de hoje pior que o mundo de nossos avôs?

Se por um lado vivemos em uma ansiedade constante que nos tortura e nos faz perder o rumo, por outro, existem liberdades e conquistas individuais inimagináveis a décadas atrás. Se ainda não sabemos acalentar a tolerância em suas múltiplas facetas em nossos corações não é culpa do mundo, mas de nossa atrofia dos sentimentos e de nossa visão egoísta do mundo. A medicina, a ecologia, a igualdade de gênero, os direitos das crianças, as regras que regem um trabalho digno, o direito a educação e saúde, por mais precário que pareçam, são conquistas desse último século. Portanto, o mundo não regrediu.

Talvez se pudéssemos deixar um pouco de lado esse fascínio pelas coisas sem importância que hoje praticamente controla nossas vidas aprendêssemos a cultivar a vida com mais otimismo. Talvez se deixássemos de lado essa carência por ídolos e aprendêssemos a buscar referências em um contexto geral não seríamos tão radicais. Cultivar em nós mesmos uma vida com ideais mais singelos nos faria bem, acalmaria nossa mente e coração.

Não pensem que isso tudo não se reflita no próprio Espiritismo. Pois, essa abundância de informações, nos levou a uma explosão de autores e publicações, que em grande parte pouco ou nada tem de espíritas. Existe muito material “antigo” de uma atualidade sem par, que poderiam servir de referência, de bojo, para que pudéssemos selecionar o joio do trigo atualmente. Essa ansiedade pela modernidade e pela busca de respostas fáceis nos faz reféns de ídolos e opiniões. Lembremos que a força do Espiritismo está na pluralidade de suas fontes e não na idolatria de personagens, ninguém deveria ser erguido a condição especial. Afinal, todos somos humanos, falíveis e imperfeitos. Nenhum espírito ou médium é dono da verdade ou se coloca além da crítica.

As vezes, quando me pego angustiado pelo mundo com que me deparo, me acalmo e lanço o olhar ao passado e percebo que nada está fora do lugar. Ao que parece as vozes do jornalismo e da internet, que democraticamente, nos alcançam a todos ainda não descobriram seu verdadeiro potencial transformador. Por enquanto apenas resmungam e gritam, condenam e criticam, mas assim o fazem por ignorância, não percebem as alternativas. Construa ao seu redor o ambiente de paz que deseja viver e respiraras em harmonia fortalecendo-te para as lutas do amanhã.