quarta-feira, 14 de setembro de 2011

OS OLHOS DE VER E OS OUVIDOS DE OUVIR…

Quando Jesus pronunciou estas palavras, talvez estivesse interessado em apontar as pessoas que é preciso extrema prudência em nossos julgamentos.

Sempre que observamos ou consideramos algo o fazemos sob nosso ponto de vista, e essa avaliação é carregada das mesmas limitações e preconceitos que possuímos. E se as possuímos é porque não temos condições de percebê-las. Esta sem dúvida é nossa grande dificuldade, este paradoxo nos limita a capacidade de perceber a realidade de um modo que sequer temos conseguido avaliar.

Essa questão pode parecer um tanto vaga, mas ela tem um papel de grande vulto em nosso modo de viver e igualmente nas atitudes e conceitos que estabelecemos como conduta de vida. Incapacitados de perceber a realidade precisamos vivenciar choques emocionais de grande intensidade para se colocar no lugar do outro e conseguir ver as coisas como o outro vê. Progredimos com isso, pois aprendemos a ver a vida de modo diferente, dilatando nossa capacidade de interpretar e compreender. Sendo possível então ter uma idéia aproximada de como nosso semelhante vê o mundo, entretanto apenas aproximada, pois estamos em constante mudança.

A prova latente desse comportamento esteve nos canais de televisão nesta última semana. O drama revivido das tragédias terroristas, a comoção e os apelos midiáticos que quase sempre tem fins velados. Aquele que não consegue ou não está interessado em tentar compreender a realidade vivida por um membro de outra cultura não tem a menor condição de avaliar seu modo de experimentar e interpretar a vida. Nem consegue perceber sua parcela de responsabilidade, seja individual ou coletiva, nos fatos que acontecem.

Esse modo prepotente de acreditar que nosso ponto de vista deve se sobrepor ao de nosso próximo leva as distorções que temos visto, até mesmo na política internacional. Como é o caso de povos que defendem a justiça em guerras. Quem está com a razão? Aquele que matou três mil num ato de vingança ou aquele que matou dois milhões vingando-se por sua vez? Podemos aqui fazer uma analogia perfeita com os casos de processos obsessivos, onde vemos seguidamente o obsessor acusando sua vítima de um crime anterior, entretanto o ciclo-vicioso se arrasta, cada um bolando uma forma mais dolorosa e ardilosa de se vingar por sua vez.

 

 

Essa visão distorcida da realidade é muito comum em nosso meio, vai desde as pequenas coisas até as manipulações de opiniões com fins escusos produzidos por governos e instituições privadas, como redes de televisão.

A questão principal é que enquanto não nos dermos conta de que nossa opinião é apenas nossa opinião não conseguiremos aceitar as diferenças e os interesses mesquinhos prevalecerão. Se não me esforçar para me colocar no lugar do outro e tentar minimamente viver o conceito de Confúcio (Fazei aos outro o que gostaria que fizessem para contigo) sequer conseguiremos perceber a quão limitada é nossa capacidade de interpretar a realidade. Que a mesma tem diversas formas. E que impor um ponto de vista aos outros é uma responsabilidade quase sempre pesada demais para carregarmos nos ombros. Devemos lembrar que tudo que fazemos tem conseqüência, mesmo quando emitimos uma opinião.

pelo espírito FRANÇOIS RABELAIS

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