O desenvolvimento do espírito crítico é uma das bases do processo educacional, e podemos dizer também, do próprio senso de liberdade do ser humano. A Doutrina Espírita tem em essência uma relação muito estreita com esse conceito, pois tem por objetivo libertar as consciências dos preconceitos, das imperfeições que nos atrelam as sombras de nossa individualidade.
Estimulando a criatura humana a reflexão e descoberta de suas próprias verdades, ou seja, a liberdade individual em sua mais alta condição, o Espiritismo vem propor uma revolução de metas e ideais dentro da própria alma humana. Por isso, vamos encontrar o Espírito de Verdade afirmando que devemos amar-nos e nos instruirmos. Iniciando uma longa jornada de autoconhecimento, através do exercício da paciência e da perseverança.
Infelizmente é muito difícil encontra alguém que viva essa experiência de modo plenamente consciente. Ao que parece marchamos aos encontrões, desviando de rota e sendo chamados ao caminho reto por meio do sofrimento, que não nos permite desviar muito de nossos reais objetivos existenciais. Não basta compreender está realidade, é preciso arrancá-la dos livros e vivenciá-la de modo consciente. Nesse ponto esbarramos nas imensas limitações que encontramos no seio do próprio movimento espírita devido a incompreensão de nossa realidade.
De um modo geral, quanto mais aprendemos mais arrogantes nos tornamos, salvo raríssimas exceções, caminhando no sentido inverso a proposta esclarecedora que dela somente conhecemos as entrelinhas ou sabemos copiar citações de algum livros que mostramos a todos carregar em baixo do braço. As limitações que temos visto nos grupos de trabalho em centros espíritas não estão assentadas nas dificuldades intelectuais, como as pessoas imaginam comumente. Existe uma espécie de cegueira gerada pela vaidade e pelo orgulho. Existe uma imensa dificuldade generalizada no momento de aceitar que a criatura ao nosso lado possa não concondar com nosso ponto de vista. Como se os postulados espíritas de fraternidade e compreensão somente existissem para ser pregados aos outros e não para serem vividos. Esquecemos que é necessário respeitar o processo de amadurecimento de cada um.
Temos visto companheiros de ideal que esquecem que mais importante do que citar o número de uma questão de “O Livro dos Espíritos” é viver em toda sua plenitude a transformação que esses enunciados nos fazem refletir. Nesse aspecto se concentra toda a essência do Cristianismo em sua proposta transformadora. Deus age em nós através de nossa própria consciência e ninguém irá nos questionar quanto as páginas lidas. A instrução é fundamental, mas não ela em si mesma, pois somente tem sentido se empregada em nossa intimidade desenvolvendo nossa capacidade de compreender a realidade íntima e lutar por melhorá-la.
Bem certo, que o outro extremo também é prejudical. Já que a falta de instrução coloca as criaturas longe dessa capacidade de avaliar com bom senso o mundo que a cerca. Por conta disso temos as distorções que surgem vez que outra no próprio Espiritismo. Sem contar os modismos, como as transformações do mundo com o mínimo esforço, como se o processo evolutivo não fosse gradual e exigisse árduo e perseverante trabalho da parte de cada um de nós, ou ainda, os reflexos incoerentes em imagens e fotografias que alguns companheiros desavisados propalam aos quatro cantos tratar-se da manifestação de um espírito. Atiram no próprio pé, fornecendo instrumentos de escárnio e descrença a qualquer indíviduo de bom senso que tomasse o primeiro contato com o Espiritismo por meio dessas idéias ingênuas e insuficientemente fortes perante argumentação bem construída. Kardec já mencionava os espíritas excessivamente crentes que sem ter essa intenção faziam mais mal do que bem as convicções que professavam.
Também podemos citar os casos de excentricidades mediúnicas, onde alguns encarnados adoram o fato de poder se colocar na condição de óraculo, que tudo sabe e tudo vê. Esquecendo sua real condição numa tentativa insana de suprir a necessidade de ser o centro das atenções, ingenuamente rivalizando com Deus. Não são poucas, infelizmente, as situações que observamos onde o centro espírita trabalha muito mais como um estimulador da dependência do que no sentido exato do Espiritismo, que seria o de promover e estimular a liberdade da consciência.
Essa dependência parece agradar médiuns e dirigentes vaidosos que, por falta de compreensão de si mesmos, não conseguem ver que caminham no sentido contrário das idéias que dizem abraçar. É preciso alimentar nas pessoas o interesse pelo aprendizado, esse aprendizado sério, que liberta. Que estimula cada um a enfrentar os dramas que atingem sua própria intimidade. As grandes batalhas da vida não são exteriores, mas travadas nos recessos de nossa alma. É para essas batalhas que devemos nos preparar. Através de uma fé raciocinada, que será forte em nossos momentos de maior fraqueza. Não basta crer é preciso compreender aquilo em que cremos e através deste forte pilar amarrar nossos corações, para que quando a tempestade sacolejar nossos princípios mais sinceros estejamos seguros do caminho a seguir. Amar ao próximo não é uma frase bela para ser lida em conferências, mas um exercício constante que precisa ser praticado diariamente, para que com o passar dos séculos possa se tornar um hábito.
Espíritas instruí-vos, pois a instrução lhes fortalecerá e ajudará nos momentos de crise, mas não esquecei-vos de amai-vos, pois é no amor que se encontra toda a motivação para a Vida e a força de seguir adiante.
pelo espírito G.D.
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