Estou revisando antigos textos que temos guardado e que podem ser aproveitados para publicação no Blog. Esse material é original, apesar de ser composto por mais de uma manifestação mediúnica em momentos distintos.
RELEXÕES SOBRE O SUICÍDIO
A INCREDULIDADE, A SIMPLES DÚVIDA SOBRE O FUTURO, AS IDÉIAS MATERIALISTAS, NUMA PALAVRA, SÃO OS MAIORES EXCITANTES AO SUICÍDIO: ELAS DÃO A COVARDIA MORAL.
(ALLAN KARDEC).
“Ao deixarmos este corpo de carne seremos todos relegados ao nada. Com a morte do corpo termina a vida e somos nós condenados à inexistência”.
Esta forma de compreender nossa existência é o fator de motivação de grande parte dos suicídios. Para qualquer pessoa condenada ao sofrimento por suas próprias ações, perpetradas nesta ou em outra existência, parece perfeitamente lógico que se não vislumbre uma esperança de alívio a sua dor abrevie sua estada no mundo material. Porque continuar sofrendo se acabaremos todos do mesmo modo, perguntam-se.
Essa visão tem bastante lógica se encarada sob o ponto de vista materialista. Fortalecidos por assertivas de personalidades conceituadas na sociedade humana, filósofos, cientistas, escritores, aderem facilmente a essa crença que os impele ao suicídio perante as grandes aflições.
Visto por este ângulo poderíamos então concordar com o ato de extinguirmos a própria vida? Poderíamos justificá-lo pela crença no materialismo?
Ainda assim não haveria argumentos plausíveis para o cometimento de tal atitude. A fé sincera das pessoas nesta ou naquela outra forma de interpretar as diversas faces que a vida nos apresenta podem minimizar nossa responsabilidade com relação ao suicídio, mas jamais nos eximirão dessa responsabilidade.
Somos os seres de maior capacidade intelectual habitando no planeta Terra, nos consideramos o topo da escala evolutiva em nosso habitat. Por este mesmo motivo somos dotados da capacidade de reflexão, que nos possibilita apreciar todas as alternativas antes da adoção de qualquer conduta. Precisamos nos aperceber que os demais seres da criação que dividem conosco a morada terrena não possuem a mesma capacidade reflexiva e mesmo assim lutam vigorosamente pela conservação de suas vidas, pois somos dotados ainda do instinto de conservação, de autopreservação. O instinto é a lei de evolução que se encontra registrada em nosso íntimo, e que com a aquisição da faculdade reflexiva pode passar a ser compreendida e estudada dando lugar a racionalização e aos sentimentos. Se até mesmo as plantas, constatado em microvolts, reagem a um ato contra sua existência o que dizer de nós, seres humanos, com relação ao pensamento do suicídio?
Mas não basta afirmarmos que o suicídio não é recomendável ao espírito encarnado, precisamos demonstrar o porquê. É neste aspecto que a Doutrina dos Espíritos se avoluma, pois revela-nos pelos argumentos da razão lúcida os motivos pelos quais as leis divinas têm seu funcionamento ajustado.
Devemos aprender a aceitar somente aquilo que pudermos compreender, adotarmos algo que nos parece inconcebível é professar a inverdade, ao menos uma inverdade íntima. O que enfraqueceria a convicção de qualquer pessoa.
Ao falarmos da individualidade humana é fundamental esclarecermos que cada situação tem suas próprias particularidades, não haverá casos idênticos, mas oportunide de aprendizado, que podem ser comparados e pensados por suas semelhanças levando-nos a valiosas reflexões.
Assim como conhecemos a possibilidade de armazenarmos uma certa quantidade de energia em pequenas peças metálicas que conhecemos como pilhas ou baterias, igualmente possuímos uma forma de energia em nosso corpo. Nossas células são encarregadas de produzir uma forma de energia que enquanto existente mantém um elo de ligação entre o Espírito e o corpo físico. Desde o advento da kirliangrafia, a foto do que os místicos denominam Aura, podemos ter materialmente a comprovação da energia que os Espíritos nos davam conhecimento teórico. Na Doutrina dos Espíritos convencionou-se adotar esta energia pelo nome de ectoplasma (na verdade um termo cunhado pelo metapsiquísta Charles Richet), e sua exteriorização daria formação ao duplo etérico ou corpo elétrico, envoltório, este que faria o papel de uma espécie de “cola” entre o corpo do Espírito e o corpo material.
Ao retirarmos as condições de permanência do Espírito no corpo por ele habitado em função de um dano irreversível dos componentes orgânicos criamos a impossibilidade de manifestação através do veículo corporal. A produção celular de ectoplasma possui uma vida útil programada antes da reencarnação, o fato de impossibilitarmos o uso do corpo pelo suicídio não impede que esta quantidade de energia ectoplásmica continue atuando, enquanto ali estiver, mantendo-nos vinculados ao corpo em putrefação por um tempo mais ou menos longo. Por estarmos envolvidos neste agente energético que nos faculta a manifestação física através do corpo somático continuamos, por reflexo, a sentir as mesmas sensações como se ainda estivéssemos encarnados, e por este motivo acaba-se distanciando de qualquer auxílio por parte de amigos desencarnados, já que continuamos cegos ao mundo espiritual, hipnotizados pelas sensações da matéria.
Vamos a um exemplo para ilustrar melhor o que queremos abordar. A mensagem abaixo foi recebida mediunicamente, ditada por um espírito que se identificou como José:
Na noite de minha alma, sentado na viela escura do desespero contemplava atônitamente e de olhar vazio as parcas estrelas que cintilavam no céu. Mergulhado em angustiantes reflexões divisava os quadros de minha atual existência desfilarem para minha observação.
Vi o dia primeiro em que infantilmente me permiti motivar por alguns amigos a fazer minha estréia nos alcoólicos. Oh, perdição de minha vida! Querendo parecer integrado ao meu grupo de companheiros, temendo sua reprovação, esquecia-me da educação familiar recebida e abusava da bebida. Encontrava no copo minha satisfação.
Em pouco tempo passei também a fumar escondido, no começo para demonstrar o quanto era independente em minha decisões, pelo menos era assim que acreditava. Poucos meses depois estava fumando todos os dias. Por vezes abusava da maconha, mas do que gostava mesmo era de uma rodada em um bar.
Quando completei meus dezoito anos assumi perante minha família o hábito de fumar que até então escondia. Meus pais acreditavam que concedendo a mim o direito por minhas próprias decisões e, com isso tendo eu que arcar com as conseqüências das mesmas, aprenderia a ter responsabilidade por meus próprios atos. Como lamento que assim tenha sido, é certo que me revoltaria se tentassem me regular, mas como uma repreensão, um abrir de olhos, me teria dado o que refletir.
Considerando-me adulto, consciente de minha conduta, abusava das festas e bebedeiras. Minha vida era regada a álcool e sem maturidade me regozijava muito disso. Em uma dessas noites, completamente alcoolizado, tive minha iniciação sexual por estimulo de acompanhantes mais experientes nas noitadas. Com vergonha hoje admito que nem ao menos me recordo do rosto da mulher com quem tive relações, o que dizer de seu nome.
Desperto para a sexualidade, refém dos alcoólicos, fiz de minha vida um antro de perdição. Envolvia-me com tantas mulheres quantas pudesse, mulheres como eu, reféns da sensualidade e dependentes dos mais diversos químicos.
Concluíra a muito custo a escola, precisava trabalhar, até porque queria dinheiro para gastar com liberdade. Meus pais reprovavam minha conduta apesar de preferirem não a perceber. A cada dia mais necessitado do álcool me tornava. Reuniões sociais, festas, somente saciava minha ânsia com bebidas que contivessem álcool. Acostumara-me antes a beber do que a comer. O álcool era me imprescindível.
Passei por rápidos empregos onde não conseguia me firmar mas o dinheiro ganho escoava como água. Atrasava-me, faltava e perturbava sempre os ambientes onde pude encontrar trabalho. Meus pais me toleraram até o instante em que passei a agredi-los, primeiro verbalmente e em seguida extrapolando em agressões físicas. Não havia mais ambiente para mim em família, fui despejado pois me tornara insuportável e perigoso.
Recorri a amigos superficialmente disposto a diminuir meus maus hábitos. Encontrei outro emprego e dividia o aluguel de pequeno apartamento com mais dois jovens.
Um certo dia encontrei uma linda moça pela qual me apaixonei. Seria ela o estimulo para minha transformação, alimentando em mim o desejo de mudança. Após alguns meses de romance nos encontrávamos envolvidos afetivamente como jamais imaginara ser possível. Meu desejo de beber era forte mas sua presença ao meu lado me estimulava a resistir. Encontrei grande alivio nos grupos de apoio a alcoólatras que passei a freqüentar.
Aproximadamente seis meses de namoro haviam me feito um novo homem; envergonhado e sem notícias não havia encontrado coragem para rever minha família, apoiava-me exclusivamente nessa que se fizera minha companheira dedicada.
Fortes complicações orgânicas de um momento para outro passaram a atormentar a saúde daquela em que me apoiava. Definhava rapidamente para meu total desespero. A vida parecia me cobrar pelos desvios do passado, recolhia minha própria inconseqüência. Havia transmitido doença incurável a quem mais amava. Haveria de falecer rapidamente carregando em seu ventre nosso filho com quatro meses de desenvolvimento.
Minha vida havia acabado...
O retorno aos vícios foi imediato, afoguei minhas mágoas com mulheres desconhecidas e sempre alcoolizado. Passei a viver na rua, bebendo toda a espécie de produtos que contivessem em sua composição alcoólicos.
Nada mais me importava...
Saindo de minhas reflexões, totalmente envolvido por interpretações errôneas das circunstâncias que a vida me apresentara, encaminhei-me decididamente ao fim de minha existência. Nesta mesma noite joguei-me ao chão em um viaduto de estrada movimentada. Desejava por fim a minhas aflições com o fim de minha vida.
Atordoado, despertei contemplando a escuridão. Não pude de imediato compreender o que me ocorria. Em profunda prostração, envolto em negra escuridão sentia-me sufocar em pequenino recinto. Angustiava-me a impossibilidade de movimentos, não divisava claridade alguma, não conseguia produzir qualquer ruído. Torturantes alfinetadas pareciam espetar todo meu corpo, produzindo a sensação de pequeninas mordidas.
Na abafada alcova onde permaneci por longo tempo a rememorar e refletir sobre meu tresloucado ato pude divisar os caminhos tortuosos que abracei elegendo como verdadeiros.
Hoje sei que por misericórdia divina, pela intercessão de devotados amigos fui isentado de maiores aflições quando do momento de transição ao mundo dos espíritos. Por crer no nada após a morte do corpo permaneci inconsciente da verdade que me envolvia até o momento em que despertei vinculado ao meu corpo desintegrado no sepulcro da indigência.
Morrera sem nome, desconhecido para o mundo terrestre. Recolhido na rua fui encaminhado a quadrante triste de um pobre cemitério, sem flores, sem lágrimas e sem amigos, na despedida pude fechar meus olhos durante minha inumação para só então acordar meses depois em completa desilusão.
Minhas dores não haviam desaparecido, minha angustia sequer havia me dado trégua. Dei cabo de minha vida por crer no nada, para esconder-me das dores que me assolavam, principalmente de minha própria consciência esmagada sob o peso do remorso. Se assim não fosse, se não houvesse o nada, quando tirei minha vida asilava minúscula esperança de reencontrar no além aquela em que aprendera a me apoiar.
Mas devido a avalanche de enganos que fizeram parte do script de minha existência última acabei por deserdar das conseqüências merecidas dos atos que cultivei com minha conduta ainda encarnado. Quando solicitado pela vida a arcar com o que havia cultivado me neguei ao ressarcimento e fugindo encontrei o peso de minhas responsabilidades na continuidade da vida.
Muito chorei, muito sofri, pois em meu revoltado coração não compreendi tamanha desdita em tão curta existência. Acostumado a creditar ao próximo as aflições vividas custei muito a compreender porque me achava ainda preso ao corpo pútrido que me servira de morada.
Da confusão mental passei a revolta praguejando contra Deus, fiz crescer minha aflição. Somente Deus sabe o que passei, por quanto tempo permaneci neste estado de inanição espiritual.
Quando finalmente, cansado e humilhado ante minhas próprias atitudes vim a compreender que colhera até aquele dia em perfeita consonância com o que havia eu mesmo produzido. Provara até ali as conseqüências de minhas atitudes e pensamentos. Não havia a quem creditar culpa que não fosse a mim mesmo. Foi somente ao assumir total responsabilidade por minha conduta, envolto pelo desespero e cansaço extremos que pude divisar mãos caridosas a me desvencilharem do funesto baú de minha agonia.
Novamente pouco vi, e o que vi não possuía capacidade para compreender. Após longos anos de sofrimento que a mim mesmo infligi me permitem relatar minha experiência para que seja proveitosa no esclarecimento para que outros não necessitem passar pelo que passei.
Para minha maior tristeza ainda não sou digno de rever a portadora do amor pelo qual erradamente tirei minha vida. Mas hoje sei que o único responsável sou eu, e que igualmente cabe a mim o trabalho de construir no mundo sobre os escombros que fiz surgir em meu próprio coração.
Não posso me despedir sem proferir o apelo aos jovens amantes dos gozos fáceis. Jamais deixem de pensar nas conseqüências de seus próprios atos, o retorno das mesmas pode tardar mas nunca deixa de surgir. Acautelem-se antes para não se arrependerem amargamente como eu depois.
Ao corrermos nossos olhos pela emotiva narrativa do companheiro desencarnado poderemos, com a sua permissão, elaborar alguns pareceres reflexivos com relação à situação vivida pelo Espírito do relato acima.
Pela oportunidade da reflexão dispôs de tempo suficiente para analisar as possibilidades que tal ato lhe facultaria, mesmo assim seguiu com seu desiderato, colhendo as conseqüências do mesmo. A reflexão torna-se um agravante, pois nos carrega de remorso quando da constatação do erro levado a cometimento por livre vontade. Precisamos aprender que Deus sendo todo amor e bondade não pune a ninguém, somos nós mesmos que sofremos as conseqüências de nossa própria conduta.
As drogas lícitas, mesmo as consideradas legais perante a lei são agravantes no processo do suicídio não intencional ou inconsciente. Sabemos que o uso de determinada substância nos causa danos ao organismo, mas mesmo assim continuamos a utilizá-los, não queremos acabar com a própria vida, mas acabamos pelos nossos procedimentos diminuindo as condições de durabilidade do equipamento orgânico, o que nos torna suicidas sem a intenção do ato. Igualmente, por abreviarmos as condições físicas do corpo, passaremos para o outro lado com excesso de fluidos ectoplásmicos que nos reterão no corpo até sua remoção por abnegados amigos ou até sua total extinção pela ação do tempo. Isso explica a permanência de um espírito junto ao seu corpo após a morte do mesmo.
Este envolvimento nos fluidos materiais que o ectoplasma nos permite apreciar mesmo após a falência do corpo físico faz com que, devido à impregnação, não tenhamos condições de divisar precisamente o que ocorre conosco na passagem de uma vida a outra, causando-nos atordoamento e confusão mental.
Pelo ato do suicídio, que nós mesmos praticamos, passamos a herdeiros de suas conseqüências. Por haver lesado voluntariamente nosso organismo, que repercute pela ação de nosso pensamento na estrutura molecular do perispírito, necessitamos por intermédio da reencarnação rearranjarmos a estrutura íntima de nosso envoltório de manifestação. No útero materno somos, pela ação da mãe e dos espíritos geneticistas, auxiliados nessa reconstrução, necessitando por vezes de várias tentativas para a formação de um corpo perfeito. Em boa parte das ocasiões quando vemos nascer bebês com má formação, anencéfalos, e portadores de deficiências variadas, estamos apreciando a bondade divina que permite que os suicidas do passado restituam sua capacidade de interação por intermédio da gravidez, através da formação de um novo corpo biológico. Os pais comprometidos de alguma forma com a situação daquele Espírito participam igualmente desta regeneração através da doação da oportunidade em bases de esperança e amor.
Vamos a um outro relato elucidativo:
Lembro quando aqui cheguei, sofrido, arrasado, destruído moralmente. Havia perdido a esperança na vida. Vivia por misericórdia divina, acabei com meu próprio corpo e clamava todos os dias para que Deus acabasse com minha aflição pondo um fim a minha alma.
Lembro emocionado, do dia em que um grupo de pessoas sorrindo aproximaram-se de mim, envoltos em alvas túnicas, que me davam a impressão de estar diante de anjos. Conversaram carinhosamente comigo, e mesmo estando incomunicável me compreendiam. Ainda impossibilitado de mover-me, alimentavam em mim uma esperança que desde muito imaginava aniquilada.
Longo tempo passei me recuperando, e não o fiz por completo, havia prejudicado a mim mesmo demasiadamente. Disseram-me que precisaria receber o tratamento em um novo corpo. Apontavam-me, numa tela, aqueles que seriam meus futuros pais.
Apesar da nova roupagem, identifiquei em meus prováveis genitores os mesmos espíritos pelo qual havia me precipitado ao suicídio. Encontrávamo-nos ligados por grandes conflitos.
Tive muito medo. Havíamo-nos infligidos enormes sofrimentos. Almejava paz, sossego, estava cansado de tanto sofrer. Para mim não existia alternativa. Dependíamos uns dos outros.
Com receio alojei-me junto a aquela que deveria me auxiliar na nova oportunidade reencarnatória. Por quase nove meses suportou ela sem lamentar as atrozes complicações que minha condição lamentável impunham a gestação. Nos momentos de desprendimento da alma percebia-os a me estimular e carinhosamente envolver-me em sua ternura.
Haviam renegado o passado inóspito que nos filiava a amargas recordações. Eu, que me considerava morto para a vida, tinha minhas esperanças alimentadas por aqueles a quem um dia odiei.
Conforme o programa estabelecido, da forma que seria possível pela minha condição, renasci doente, e com poucas horas de vida no mundo físico retornei para onde hoje me encontro, sob os cuidados dos mesmos que me resgataram da primeira vez.
Levei alguns meses na recuperação, assumi minha forma anterior ao reencarne, a estadia com vocês me possibilitou a restauração do corpo que havia intencionalmente mutilado (Trecho da mensagem transmitida pelo Espírito Luis Fernando).
Por estas constatações fica evidente a prejudicial ação abortiva, em qualquer situação, praticada contra a oportunidade regenerativa de irmão nosso. Importante meditarmos sobre o fato de que se hoje apresentamos tendências suicidas, provavelmente no passado assim nos conduzimos, até por uma questão de costumes e crenças, e que igualmente recebemos de Deus a oportunidade do restabelecimento através da reencarnação e que por gratidão não podemos obstaculizar a mesma possibilidade ao próximo.
A Eutanásia, a morte assistida, de maneira semelhante ocasiona um entorpecimento das funções intelectuais do Espírito, que atordoado e prejudicado em sua readaptação retorna ao mundo espiritual. O médico instruído e com a capacidade da reflexão dilatada muito sofrerá sob a ação do remorso próprio ao constatar que retirando a vida de um semelhante seu, mesmo que na melhor das intenções, o prejudicou quando quis fazer o papel de Deus, ao imaginar que poderia determinar o momento da partida. Em muitas ocasiões os medicamentos utilizados para acelerar a morte do paciente é extremamente prejudicial ao desligamento do Espírito junto ao corpo físico, acarretando maiores aflições ao paciente do que se o mesmo houvesse permanecido no corpo por mais alguns dias ou horas.
A feição meiga do Nazareno encontra-se também nas leis divinas, Deus que é todo amor não nos condena, mas alivia. O Espiritismo que propõe-se a restaurar o cristianismo dos primeiros séculos alerta e consola e por seu intermédio podemos arrazoar nas implicações que cada um dos nossos atos pode ter. Somos seres racionais e precisamos nos apropriar desta racionalidade para melhor viver.
A constatação de que a vida não se extingue com a morte do corpo nos motiva a continuar com fé, por que por maior que sejam as nuvens sempre voltará o sol a brilhar. Somos eternos, seres constituídos do amor de Deus que ainda não compreendemos, mas que habita em nós. Estamos aprendendo a nós conscientizar de que assim como o sofrimento decorre de nossos atos a felicidade também, e que tudo depende de nosso empenho e vontade. Deus nos oferta sempre novas oportunidades. Vinde a mim todos vos que estais cansados, que tem fome e frio, que eu vos aliviarei. Eu sou o caminho a verdade e a vida. Ninguém encontrará os céus sem passar por mim. A porta da perdição é larga e estreita a que leva ao seio de meu Pai. Erguei também vossa cruz e segui-me. Fica o convite.
Frei Felipe
17 de abril de 2005.