O papel do espírita, por menor que seja em sua instituição, não é apenas esclarecer, mas principalmente exercer a solidariedade. Natural do Rio Grande do Sul, mesmo que esteja neste momento do outro lado do mundo, me sinto profundamente comovido com a situação que vive a cidade de Santa Maria no dia de hoje.
Queria pedir aos espíritas dessa região que se preparem. Não é hora de falar da Doutrina Espírita, nem querer esclarecer aqueles que perderam alguém. Quem sofre precisa de carinho, de consolo e na maioria das vezes isso se faz emprestando o ouvido, o ombro, ou apenas dando um abraço. É para isso que peço que se preparem, para compreender aquilo que, por vezes, parece incompreensível, aquilo que por vezes faz doer tanto que pensamos que nunca mais vai passar. Lembro a todos que a vida não termina e que assim como aqueles que partem, os que ficam precisam de um pouco de compreensão e acolhimento.
Muitos familiares desses jovens visitarão nossos centros espíritas. Não vos faleis de leis de causa e efeito, que mais fará arder as feridas, mas lhes estimulem a esperança e a certeza de que mais adiante nos reencontraremos, haverá novos sorrisos e alegrias. Não existe noite sem dia. Sejam solidários com a dor alheia se colocando no lugar daqueles que sofrem. Abram as portas de suas instituições para acolher aqueles que precisam de ajuda, interrompam as atividades cotidiadas, se for o caso e possível, no exercício de auxílio ao próximo.
Li que o movimento tradicionalista (CTGs) da cidade se prontificou a fazer serviço de logística e hospedagem dos familiares que buscam informações proveniente de outras cidades. Gesto louvável, que enche de orgulho as pessoas que ainda creem na capacidade humana de ser solidário. Muitos voluntários da saúde se prontificaram a exercer a verdadeira medicina, pessoas de todos os lados se oferecem para ajudar de alguma forma. Nos deixemos contagiar pelos exemplos que surgem nos momentos de crise para mudar de uma vez por todas nossa passividade ante as pequenas tragédias que acontecem todos os dias. É hora de arregaçar as mangas e se oferecer ao serviço fraterno. Se nosso serviço não for necessário ainda assim podemos fazer nossa parte, nos recolhendo na intimidade doméstica em rogativa a tranquilidade de nossos irmãos.
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