Entrevista concedida a Editora Boa Nova, Catanduva-SP por ocasião do lançamento da obra “Infância e Mediunidade”.
P. A mediunidade na infância é um tema delicado. Já havia passado por sua cabeça tratar do assunto? Como foi psicografar essa obra?
R. A mediunidade na infância é um tema que se torna complicado devido a falta de informação, desde que tenhamos conhecimento do tema e saibamos usar o bom senso para nortear a compreensão do mesmo deixa de ser algo complicado. Eu, particularmente, sentia necessidade de organizar as muitas idéias esparsas que existiam sobre essa questão. Desde a infância fui alvo de manifestações mediúnicas, vivi a experiência de buscar a compreensão do que acontecia comigo e apesar de me deparar com o Espiritismo as respostas não eram precisas nem tão pouco pautadas por argumentos racionais. Esse, creio, o grande problema quando tratamos da mediunidade na infância, a falta de informação, o pouco interesse do trabalhador do centro espírita de aliar os conceitos espíritas com o conhecimento desenvolvido no meio acadêmico. Infelizmente, ainda existe muita superstição no movimento espírita.
Nessa trajetória de autoconhecimento que fui levado a fazer para compreender o que acontecia comigo fui aliando estudo e experiências pessoais que os espíritos acabaram utilizando para organizar a obra "Infância e Mediunidade". O livro não pretende ser taxativo e responder todas as questões, porém dividir nossa experiência certamente poderá ser útil a outras pessoas que vivem situação semelhante. Quem frequenta ou trabalha em um centro espírita sabe como são comuns casos de crianças apresentando manifestações mediúnicas.
"Infância e Mediunidade" foi o primeiro livro que psicografei após dois anos de treinamento mediúnico. Lembro que na época escrevia tudo a mão para depois digitar. Até mesmo por uma questão de aprendizado essa obra ficou esperando o momento mais oportuno para ser publicada.
P. Depois de concluído, o livro passou pela análise de psiquiatras especializados em infância. Qual a importância desse trabalho para os leitores?
R. É verdade, o livro foi encaminhado a um neuropediatra da associação médico espírita, através da solicitação que fiz a Dra. Marlene Nobre. Sou muito grato ao movimento médico-espírita pelo vies científico que procuram trabalhar. Essa forma de compreender o Espiritismo se aproxima muito do modo particular que tento encarar a Doutrina Espírita. Sou apenas o intermediário das obras que psicografo, entretanto, todo médium tem responsabilidades sobre as obras que escreve. Não seria responsável da minha parte incentivar a publicação de uma obra que não atendesse os princípios básicos do Espiritismo, marchar ao lado da ciência. Se não possuía condições de avaliar um capítulo um pouco mais técnico que o livro apresentava é mais do que natural solicitar o auxílio de alguém que o possa fazê-lo. Enquanto médiuns somos responsáveis pelo que escrevemos, e não devemos alimentar a superstição ou idéias que não estejam de acordo com a lógica e o bom senso.
Nossa intenção, como comentei anteriormente é incentivar uma reflexão mais aprofundada sobre o tema, oferecendo subsídios para que o leitor chegue a suas próprias conclusões. Devemos aprender a exercitar nossa capacidade de pensar e não mais aceitar a opinião dos outros como verdades absolutas. No meio religioso isso é muito comum, os médiuns carregam uma aura mística que faz com que muitas pessoas os vejam como óraculos infalíveis e inquestionáveis, mas a realidade é bem diferente disso. Quem sabe lendo "Infância e mediunidade" os leitores não fiquem apenas informados, mas também se sintam estimulados a pensar dessa forma.
P. Foi seu primeiro trabalho com François Rabelais?
R. Exatamente, foi a primeira vez que ouvi falar em François Rabelais. Na verdade ele somente se apresentou ao final do livro, pois a obra foi toda escrita sem que eu conhecesse o autor. Em seguida a essa obra ele emendou a psicografia do livro "Nas Brumas da Mente", que foi publicado pela Editora Boa Nova em 2008.
Rabelais tem uma forma toda particular de trabalhar, que exige muito de mim em termos de estudos e de meu guia espiritual na supervisão do trabalho. Acontece que essa forma de trabalhar, que é muito particular a cada espírito, me faz identíficá-los com mais segurança. Pois, principalmente no início a desconfiança na hora de escrever mediunicamente é natural e saudável. A confiança excessiva em nossa capacidade individual não é boa conselheira, um pouco de dúvida nos mantém com os pés no chão.
P. Já tem novos projetos em andamento?
R. Estamos sempre com projetos em andamento. Esses últimos anos houve uma pequena desacelerada nos trabalhos literários, temos algumas obras em curso, destacando um romance que deve dar contuidade a obra "Do Século das Luzes" que saiu em 2010, porém nossa concentração se voltou um pouco mais para os blogs que mantemos (eu e os amigos espirituais) e nossa atividade de incentivo ao movimento espírita em idioma russo, que toma muito tempo, mas vem rendendo bons frutos.
Esperamos que em breve possamos estar apresentando nova obra literária. Entretanto, mais importante que a quantidade é a qualidade das obras de que somos responsáveis.
Obs. As duas obras acima estão disponibilizadas gratuitamente no blog para download.
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