domingo, 14 de agosto de 2011

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

Ficamos um pouco afastados do contato com os nossos blogs, mas nesse período de atividades foi possível colher interessantes informações e aprendizados. Apesar das dificuldades que surgem em nosso caminho quando nos propomos a difundir as idéias espíritas podemos nos considerar satifestos com os resultados sempre que conseguimos visualizar os fatos além do superficial.

Aproveitei a necessidade de visitar a família do outro lado do mundo para dar uma parada na França e realizar minha primeira palestra em francês. Sempre ouvi dizer que alguns amigos espirituais ainda agarrados aos equivocos da agressividade tentam obstruir e dificultar as atividades quando nos propomos a viajar para falar das idéias espíritas. Não foi diferente comigo. Desde a perda das malas e suas consequentes complicações até mesmo agressões gratuitas e inexplicáveis, que sem o espiritismo seriam impossíveis de compreender, em resumo, tivemos uma viagem movimentada. Nossa jornada teve seus empecilhos, mas nada que não pudesse ser contornado com um sorriso. O que esperar se o mais nobre dos espíritos em nosso planeta recebeu dele uma coroa de espinhos?

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A atividade em Paris transcorreu com bastante tranquilidade e nossa convivência com os participantes foi das mais agradáveis. Nossa gratidão a Pierre-Etienne, responsável pelo grupo.

Já na Russia recebemos com alegria o contato de um de nossos correspondentes russos nos informando que estavam se reunindo para estudar a Doutrina Espírita. Este era o primeiro grupo espírita que encontravamos na Russia, país ao qual estamos fortemente ligados por laços familiares. Quem tem acompanhado as nossas produções em nosso blog em russo pode imaginar a alegria que nos invadiu com essa notícia.

Está nos nossos planos não somente auxiliar a organização do movimento espírita nos países russofônos com produção escrita, mas igualmente auxiliar diretamente os grupos através de visitas pessoais. Entretanto, é preciso que eu obtenha fluência no idioma antes disso.

Ainda na Russia pude participar de uma atividade muçulmana, uma espécie de purificação espiritual de uma residência. As pessoas havia mudado de residência e surgiu a possibilidade de participar da atividade exclusiva ao sexo masculino. Não perdi a oportunidade.

Sentamo-nos todos em círculo. Com os pés descalços e atendiamos as orientações dos religiosos responsáveis por conduzir a atividade. Nos alimentamos como manda a tradição. O comportamento dos mulás lembrava muito o dos padres católicos na Idade Média, mais interessados na comida que ali estava fartamente colocada do que em atender as expectativas daqueles que os chamaram para ali estar.

Como eu não sabia a forma que deveria me comportar procurava tudo imitar sempre acompanhando atentamente tudo o que se passava ao meu redor. Durante toda a viagem meu guia espiritual e outros amigos espirituais estiveram presentes me dando assistência. Solicitei o auxílio para que tudo corresse bem. Respeito todas as crenças e gostaria de contribuir também respeitosamente para o bom curso das atividades que participava naquele momento. Pude perceber a presença de Frei Felipe, que viera acompanhado de um outro espírito vinculado ao Islã. Nossa forma de ver Deus transcende as convenções religiosas, pois acreditamos que a única religião de Deus é o Amor e dessa forma toda manifestação cultural da fé deve ser respeitada. Compreendi muito bem a função de ambos ao meu lado quando pude perceber que havia entre nós alguns espíritos de pensamento radical. Esses espíritos de condição bastante materializadas continuavam apegados as convenções que mantinham quando encarnados e viam com desconfiança a minha presença entre eles, mas a companhia de Frei Felipe e do espírito que viera com ele mantiveram os demais bastante comportados.

Não pude definir nenhum detalhe desses amigos espirituais que velavam por mim, mas pude perceber que a presença do espírito ligado as tradições muçulmanas impôs enorme respeito aos demais, que mesmo contrariados não tinham outra alternativa que se afastarem. Não posso dizer qual a impressão que eu provocava entre os componentes encarnados da atividade. Estava entre muitos amigos, que me respeitavam justamente porque sabiam que eu também os respeitava. Essa questão é fundamental para a boa convivência entre culturas e convicções religiosas diferentes. O radicalismo, que as vezes vemos, mesmo entre os espíritas, é sempre uma prova de falta de compreensão e amadurecimento espiritual. Costuma-se atribuir uma visão radical aos nossos irmãos muçulmanos, o que não é verdadeiro. Claro que existem pessoas que interpretam de modo equivocado as leis naturais, há igualmente aquelas que radicalizam os ensinamentos religiosos por conta de interesses pessoais. Porém, não podemos rotular os muçulmanos dessa forma. Existem pessoas com uma visão muito ampla do “O Corão”, que nada deixam a dever aos nossos mais elevados representates das tradições reliosas ocidentais. Lembremo-nos que durante as CRUZADAS, por exemplo, eram os Papas que conclamavam os senhores feudais a ingressar na luta pela conquista de Jerusálem prometendo que aqueles que matassem os muçulmanos teriam lugar assegurado no paraíso. São equívocos históricos que permeiam as mais antigas tradições religiosas da humanidade.

Ouvi os mulás entoarem e lerem trechos em árabe do livro sagrado islâmico por quase duas horas. As pernas doiam quando as atividades finalizaram e pude, então, me levantar. Como em todas atividade concernente a religião a eficiência dos rituais e crenças está diretamente ligada a vontade e desenvolvimento moral dos envolvidos. Gestos e frases decoradas são meros acessórios. A atividade em si não fez nem mal nem bem, mas cada um recolheu dela aquilo que fez por merecer. Aqueles que apenas pensavam na refeição certamente que não foram os mais favorecidos, nem os outros que perdiam tempo com pensamentos radicais. Entretanto, não podemos deixar de destacar que havia entre nós pessoas de fé sincera, que conseguiram estabelecer certos vínculos com os bons espíritos que lá estavam e disso colheram bons frutos.

A tolerância e o respeito entre os seres humanos é sem dúvida umas das principais qualidade que precisamos exercitar. Espero poder trazer mais alguns comentários de nossa experiência pessoal para enriquecer nossos textos nas próximas semanas.

Rafael.

Um comentário:

  1. Parabéns Rafael pelo teu trabalho. E que Deus te proteja sempre para que possas prosseguir.Abraço!

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