Após breve prece, antecedida de três quartos de hora de leitura preparatória, sento-me e fico mentalmente disponível ao contato com os espíritos. Não faço exigência alguma, em completa liberdade, sem mesmo pensar no que escrever. Procuro estar em posição neutra para que meus pensamentos, sentimentos e emoções ordinárias não interfiram no processo.
Ora, mas estamos falando de mediunidade, um processo que carece de um ser humano para se estabelecer. Por isso, neutralidade não existe. Há toda uma ampla carga de sentimentos e emoções caracterizando o espírito. E isso independe de estarmos encarnados ou desencarnados. Somos essencialmente fruto do que sentimos, e nem tanto do pensamento, como facilmente supomos. O pensamento é elaboração posterior, desenvolvido mais tarde em nossa trajetória evolutiva. Por exemplo: os sentimentos são a elaboração cognitiva de nossas emoções. Apesar do ser humano ser essencialmente emocional, devemos nos esforçar por encontrar, ou buscar pelo menos nesse sentido, um ponto de equilíbrio, de maior neutralidade, para que a comunicação mediúnica se dê da forma mais fiel possível.
Todo estudioso do Espiritismo já compreende que não haverá intercâmbio mediúnico destituído da filtragem de seu intérprete. Impossível o médium não dotar de suas características a manifestação que através dele se produz. Esse fato inaugurou a perseguição àqueles que se ocupavam do Espiritismo no passado, acusados de charlatanismo, quando, na realidade, somente havia falta de compreensão sobre o desenrolar do fenômeno espírita.
Atualmente, continua-se exigência por médiuns isentos de emoções, homens-máquinas, que possam transmitir a comunicação dos espíritos sem intervenção pessoal alguma. Essa busca extrema por eficácia nos faz questionar sobre a utilidades desses médiuns, uma vez que mesmo os espíritos fora da matéria como a conhecemos tem emoções. Como alcançaríamos sintonia para estabelecer vínculos a fim de efetivar o intercâmbio mediúnico sem essa identificação íntima entre as partes? E o verdadeiro espírita ou cristão, pois são ambos a mesma coisa, não é aquele que dá demonstrações de seu esforço para melhorar?
Alguns companheiros de ideal podem pensar que estamos aqui derrubando a mediunidade, entretanto, estamos justamente enaltecendo-a. Que constatação maravilhosa saber que as palavras mais suaves, enternecedoras e capazes de dar esperança à mais infeliz das criaturas levaram as cores daquele médium que foi seu intermediário. Sinal de que se encontrou um coração sensível e disposto a viver em si mesmo o Evangelho.
Se não assustarem esse intérprete dos espíritos, afirmando que ele é alvo de animismo ou de uma mistificação inconsciente, seguirá amparando os mais necessitados, aprendendo e tornando-se médium do amor, o que é muito mais importante do que ser médium dos espíritos. Ele não irá preocupar-se com a comunicação mediúnica em si, mas, dotado de sensibilidade, aprenderá a discernir a melhor forma de confortar e reerguer uma alma em aflição. Em assim agindo, estará mais do que nunca acessível a influência dos espíritos bem intencionados.
Lembrem-se que mesmo as manifestação espirituais de ordem física, como as materializações, sofriam com ideoplastias dos médiuns e assistentes das sessões. Porém, isso não as tornava menos belas. Continuavam com imensa capacidade de encher seus expectadores da certeza da continuidade da vida.
Não compreendem a que me refiro? Vejam, então, como comecei a me exprimir no texto que agora lêem, servindo-me das condições íntimas do médium. Descreve ele como se preparou para me emprestar o organismo físico em parte para que pudesse intuí-lo. O texto perde em qualidade com tal fato? Creio que não. Aponta o intenso entrosamento que deve existir entre todos os envolvidos para que uma comunicação mediúnica seja proveitosa e ofereça alguma utilidade. Além do mais, basta nos determos na mensagem de fundo. Ao final de uma comunicação espírita, avaliemos nós a impressão que ela nos causou, e teremos uma direção para avaliar a qualidade não somente do conteúdo, mas principalmente das intenções explicitas e implícitas, que nos deixa entrever o caráter dos responsáveis por ela. E isso basta.
Onde há o desejo sincero de fazer o bem, o amor encontra-se solidamente instalado, fortalecendo-se gradualmente. Paulo referiu-se: “Ainda que eu falasse a língua dos anjos, que tivesse o dom da profecia e penetrasse todos os mistérios, ainda que possuísse uma fé inabalável ao ponto de transportar montanhas, se não tivesse amor nada seria”.
Ora, mas estamos falando de mediunidade, um processo que carece de um ser humano para se estabelecer. Por isso, neutralidade não existe. Há toda uma ampla carga de sentimentos e emoções caracterizando o espírito. E isso independe de estarmos encarnados ou desencarnados. Somos essencialmente fruto do que sentimos, e nem tanto do pensamento, como facilmente supomos. O pensamento é elaboração posterior, desenvolvido mais tarde em nossa trajetória evolutiva. Por exemplo: os sentimentos são a elaboração cognitiva de nossas emoções. Apesar do ser humano ser essencialmente emocional, devemos nos esforçar por encontrar, ou buscar pelo menos nesse sentido, um ponto de equilíbrio, de maior neutralidade, para que a comunicação mediúnica se dê da forma mais fiel possível.
Todo estudioso do Espiritismo já compreende que não haverá intercâmbio mediúnico destituído da filtragem de seu intérprete. Impossível o médium não dotar de suas características a manifestação que através dele se produz. Esse fato inaugurou a perseguição àqueles que se ocupavam do Espiritismo no passado, acusados de charlatanismo, quando, na realidade, somente havia falta de compreensão sobre o desenrolar do fenômeno espírita.
Atualmente, continua-se exigência por médiuns isentos de emoções, homens-máquinas, que possam transmitir a comunicação dos espíritos sem intervenção pessoal alguma. Essa busca extrema por eficácia nos faz questionar sobre a utilidades desses médiuns, uma vez que mesmo os espíritos fora da matéria como a conhecemos tem emoções. Como alcançaríamos sintonia para estabelecer vínculos a fim de efetivar o intercâmbio mediúnico sem essa identificação íntima entre as partes? E o verdadeiro espírita ou cristão, pois são ambos a mesma coisa, não é aquele que dá demonstrações de seu esforço para melhorar?
Alguns companheiros de ideal podem pensar que estamos aqui derrubando a mediunidade, entretanto, estamos justamente enaltecendo-a. Que constatação maravilhosa saber que as palavras mais suaves, enternecedoras e capazes de dar esperança à mais infeliz das criaturas levaram as cores daquele médium que foi seu intermediário. Sinal de que se encontrou um coração sensível e disposto a viver em si mesmo o Evangelho.
Se não assustarem esse intérprete dos espíritos, afirmando que ele é alvo de animismo ou de uma mistificação inconsciente, seguirá amparando os mais necessitados, aprendendo e tornando-se médium do amor, o que é muito mais importante do que ser médium dos espíritos. Ele não irá preocupar-se com a comunicação mediúnica em si, mas, dotado de sensibilidade, aprenderá a discernir a melhor forma de confortar e reerguer uma alma em aflição. Em assim agindo, estará mais do que nunca acessível a influência dos espíritos bem intencionados.
Lembrem-se que mesmo as manifestação espirituais de ordem física, como as materializações, sofriam com ideoplastias dos médiuns e assistentes das sessões. Porém, isso não as tornava menos belas. Continuavam com imensa capacidade de encher seus expectadores da certeza da continuidade da vida.
Não compreendem a que me refiro? Vejam, então, como comecei a me exprimir no texto que agora lêem, servindo-me das condições íntimas do médium. Descreve ele como se preparou para me emprestar o organismo físico em parte para que pudesse intuí-lo. O texto perde em qualidade com tal fato? Creio que não. Aponta o intenso entrosamento que deve existir entre todos os envolvidos para que uma comunicação mediúnica seja proveitosa e ofereça alguma utilidade. Além do mais, basta nos determos na mensagem de fundo. Ao final de uma comunicação espírita, avaliemos nós a impressão que ela nos causou, e teremos uma direção para avaliar a qualidade não somente do conteúdo, mas principalmente das intenções explicitas e implícitas, que nos deixa entrever o caráter dos responsáveis por ela. E isso basta.
Onde há o desejo sincero de fazer o bem, o amor encontra-se solidamente instalado, fortalecendo-se gradualmente. Paulo referiu-se: “Ainda que eu falasse a língua dos anjos, que tivesse o dom da profecia e penetrasse todos os mistérios, ainda que possuísse uma fé inabalável ao ponto de transportar montanhas, se não tivesse amor nada seria”.
Frei Felipe
(Rafael de Figueiredo / Frei Felipe (espírito). Texto publicado na Revista Delfos - Ano IX / edição 2 / n°34)
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